quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Conto: Viking Way, por W. Valek



Manhã fria, floresta em bruma, o machado na minha mão diz que sou lenhador a cortar madeira para o fogo. Tarde úmida, celeiro em sereno, a faca na minha mão diz que sou um açougueiro cortando uma caça. Crepúsculo, uma grande peça de madeira na mão me diz que sou carpinteiro.

Noite quente, chama e bigorna, o martelo na minha mão diz que sou um ferreiro reparando uma roda de carroça, madrugada gelada, o chifre na minha mão me diz que sou um bêbado entre as pernas de uma mulher. Visão turva, propósito de trazer vida ao mundo.  Aurora, barco deslizando no verde azulado do mar  diz que sou pescador, comercializando na costa. 

Aurora, o barco desliza no mar verde avermelhado, diz que sou conquistador, arrebatando toda Costa. Manhã fria, chifre na mão, diz que sou um senhor da guerra chamando os homens a batalha, pilhar, saquear ou valhalla. Tarde úmida, o machado em minha mão me diz que sou implacável, abrindo caminho através dos homens. 

Crepúsculo, uma peça de madeira e metal em minhas mãos, junto a meus irmãos, me diz que sou uma parede, uma parede de escudos. Noite quente, sax na mão, me diz que sou a morte, estoca e corta na parede de escudos. Visão focada, propósito de levar o terror ao inimigo.

Madrugada gelada, martelo no pescoço, me diz que sou devoto, o deus do trovão zela por mim. Aurora, a mulher na cama de palha, o gosto azedo da bebida, o machado na mão e o sorriso dos deuses me diz que sou feliz, e farei tudo de novo.

W. Valek



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