quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Conto: Tempestade Divina, por W. Valek



Mortais, ó adorados mortais. Vós sempre sabeis quando estou triste, mas regojizam-se quando acontece. Meu coração enche-se de uma fria bruma, tão fria que quando bate sinto como se mil farpas de gelo o trespassassem causando tão insuportável dor que por trás dos meus dentes minha garganta urra um som tão primordial ouvido por vocês que me chamam de deus do Trovão, parecendo que o céu vai rachar.

Dos meus profundos e imortais olhos uma lágrima cristalina rola pelo meu rosto, caindo pela fenda do meu queixo, diluindo-se em milhões de gotas, tornando-se uma torrencial em suas terras. Torno-me furioso. O ar que foge de minhas narinas coléricas formam tornados destruindo teus campos. O meu poderoso braço percorre o cabo de meu martelo golpeando contra teu céu. Suas faíscas transformam-se em raios que assombram tuas crianças.

Sentado no meu trono, posso ver os nove mundos. Espero em vão meu servo mortal trazer meu mulso negro, borbulhante e ardente. Espero em vão, pois meu amigo de décadas acabara, eu o plantei embaixo de uma árvore de oliveira, mas bebo em sua honra mesmo assim.

Tornei-me triste ao ver um mortal sofrer por uma pessoa amada perdida. E lembro-me que nem mesmo um deus está livre de tal flagelo.

W. Valek



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