sábado, 26 de outubro de 2019

Os mais vendidos da Editora Dardside Books




Olá pessoal. Espero que a leitura de vocês esteja bem avançada em obras dos mais variados gêneros literários. E para incentivar aqueles leitores que estão em busca de uma boa leitura eu apresento a vocês a lista dos 10 Mais Vendidos da Editora Darkside.


Nesta lista, que só tem coisa boa, você com certeza encontrará aquilo que procura - uma obra fantástica que prenderá a atenção em cada virar de página.



segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Conto: Entre Homens e Lobos, por W. Valek



Longe do barco dragão, longe da guerra e rica pilhagem. Todos os dias em minha terra são uma repetição, uma rotina cortar lenha imaginando ser o crânio de um inimigo. Caçar para prover a família, beber e fanfarronar nossas conquistas com os aliados, fazer planos e aceitar juramentos.

 A noite, perto do fogo, em meu salão brinco e conto histórias às crianças, bebo um pouco mais, recebo convidados. Mais tarde em meio as peles monto a mulher com luxúria na esperança de trazer mais guerreiros ao mundo e proliferar minha linhagem. Tudo tão normal, mas não hoje...

    Hoje a lua estará grande no céu. Hoje a manhã não será igual, nem a tarde, uma ânsia me perturba a paz, um temperamento volátil me afasta das crianças e dos amigos. O sol se move no céu chuvoso, já é hora de ir. Munido apenas de pele e arco me ponho a caminhar em meio a paisagem gelada. Bosque a dentro, ainda perigoso, montanha a dentro já no crepúsculo, talvez seja um distância segura.

    Uma fenda na montanha nada mais que um rasgo em vertical na rocha cercada de neve e alguns arbustos, mas lá, para olhos que sabem olhar além, algo místico se revela. Uma fina agonia apressa-me a entrar, lá dentro está um homem, mais espírito que carne, sentado ao redor de uma pequena fogueira, coberto por um manto velho de pele de ovelha. Ele me aponta o lugar, abaixo de uma estaria de fenrir amarrado. Despido de tudo, nu no fundo da montanha acontece.  

  A pele penica, formigando dentro e fora com o passar acelerado do sangue pelas minhas veias. O coração bate com um estrondo que me ensurdece os ouvidos,   cada vez maior e maior. A dor começa, ossos se quebram, rasgando a pele, perfurando órgãos ou empurrando-os para seus novos lugares. Gosto de sangue na boca, mandíbula deslocada, tornando-se uma bocarra monstruosa com fileiras de dentes. Membros partidos e retorcidos se tornando patas com dedos terminados em garras. A dor dos pelos cobrindo todo meu corpo é como se estivesse em chamas. A loucura toma minha mente, apenas gritar e gritar, gritar e gritar. Até tornar-se um poderoso uivo dentro do salão rochoso. A mente de homem já não existe, sem raciocínio ou compaixão, resta agora só instinto assassino de uma besta de pelos cinzentos.

  Agora lobo, correndo nas quatro patas, as garras cravando no gelo fazendo-me saltar mais longe. A montanha agora dá a luz a uma nova criatura entre homens e lobos, homens que deixei para trás, lobos que agora devo comandar. Uma matilha de feras correndo nas sombras da noite, pelos reduzindo cinza prateado com o reflexo da lua cheia. O vento noturno pasando por meu pelo, à velocidade meus irmãos e filhos de pata peluda me seguem, seu gigantesco líder agora os leva a uma aventura. Uma pequena fazenda, uma luz solitária numa casa com pouca defesa, a fera quer saborear o recém nascido que chora, mas hoje o homem é mais forte e leva para longe as mandíbulas mortais dos seus.

     Um cheiro é captado, dois, três. Um urso, um cervo, e um cavalo que fugia de seu dono. Os lobos de certo querem o cervo, a besta homem quer o urso, matar um predador, glória e poder, talvez até a besta almeja o Valhalla para sentar-se aos pés de Wotan, assim como Geri e Freky. Rasgando o manto da noite entramos num vale em busca de nossa presa.  Lá no fundo próximo a uma queda d'água está a morada do urso.

   Um uivo em desafio e o poderoso macho sai em defesa de seu território, descendo do patamar onde me encontro. Posto-me em frente ao poderoso dono do vale. Ele se põem em pé, ficando de uma estatura que nenhum homem alcança. Ficar de pé não me faz falta, sou assim durante o dia e igualmente letal. Ele urra seu desafio estrondoso e corre em minha direção, uma máquina de matar enorme. Fico firme, dentes a mostra, boca babando fúria, orelhas para trás, patas afastadas e flexionadas. Na distância certa, antes da patada mortal, me ponho em pé. 

   O urso se assusta e vacila no ataque, sem saber se da ímpeto ou freia a carreira, isso bastou para mim. Saltando de lado meti a garra no fundo da mandíbula, bem na lateral, onde os músculos fazem a junção desse ponto afundei os dedos na carne enganchando  no osso do maxilar rasgando fora toda parte inferior da boca que pretendia me devorar. O urso vai de cara na areia de forma desajeitada, a logus balançando pra fora, sangue voando no ar, empapando-se em seu pelo, fazendo desenhos no chão.

   Os espectadores se atiçam com o cheiro de morte. Sem dar tempo de meu oponente se estabilizar, salto em suas costas, mordendo seu pescoço, sentido as presas afundaram em sua carne. 

 O gosto ferroso do sangue na minha língua, um frenesi me toma, cravo as garras nos seus flancos e cavo sua carne até achar órgão e mutilá-los. Ele se levanta, como um deus urso no Ragnarok, mas eu sou Fenrir encarnado. Devorarei o universo e o deus urso. Jogo de lado meu corpo, aperto mais minha bocarra no hercúleo pescoço do inimigo, visando uma torção em seus ossos quebrando em vários pontos, rasgando artérias e ligamento. O corpo cai sem vida. Um uivo de uma besta agora assombra todo vale e além. 

   Meus irmãos e filhos comem, estarão bem por uns 2 dias. Agora na forma de homem levo o que restou do urso para minha casa de homens através da caverna na montanha do lobo. Meu povo fica salvo dos lobos e tenho uma história de caça para contar aos meus no salão com muito hydromel  e carne de urso, uma vez rei e na morte um poderoso deus guerreiro.

W. Valek



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